Dário 4e20

Maconheiro, assessor parlamentar, ativista por Direitos Humanos, Filósofo, Tecnólogo da Eletrônica e criador de conteúdo nas redes sociais sobre legalização e descriminalização da maconha.

A descoberta do social

Dário nasceu em Belo Horizonte e foi criado no bairro João Pinheiro. Com a família vinda do interior, sempre foi ligado às questões da natureza. Durante a infância, gostava de caminhar e brincar com os amigos do bairro, semi urbanizado no caminho para a escola, passando por pequenas florestas e brincando de identificar animais. Estudou na Escola Estadual Professor Caetano Azeredo, hoje localizado atrás do Fórum Municipal. Na adolescência, frequentou grupos de jovens na igreja, pastorais e teve ali o primeiro contato com organizações e pessoas que buscavam por justiça social e a diminuição das desigualdades. Essa relação se aprofundou ainda mais na graduação, cursando Filosofia na UFMG. Foi quando Dário conheceu a movimentação política e os partidos de esquerda; participou de campanhas do Diretório Central de Estudantes, de ocupações da reitoria e do início da construção do petismo em Belo Horizonte na década de 80.

Humanismo e Tecnologia

Técnico em Eletrônica pelo CEFET-MG e graduado em Filosofia pela UFMG, Dário uniu suas duas formações para se tornar um “hacker social”. Atuando em projetos de engenharia eletrônica, telefonia, controle de processos industriais e automação eletrônica, defendeu durante toda sua trajetória a livre transmissão de conhecimento e a democratização do acesso digital. Durante o governo Sarney, trabalhou no sistema de ignição de foguetes do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. Passou toda a década de 90 em Londres, na Inglaterra, onde trabalhou na BBC World Service, construindo tecnologias que permitiram ampliar a distribuição de notícias para o Brasil, na ainda pouco conhecida Internet. De volta ao Brasil, contribuiu em projetos culturais e sociais como assessor tecnológico. Foi consultor da Pró-Reitoria de Graduação da UFMG, apoiando a expansão dos sistemas digitais de apoio didáticos na época do Reuni, com a implementação de sistemas de dados e equipamentos universitários. Também foi assessor chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Informação e Planejamento de Belo Horizonte durante a prefeitura de Márcio Lacerda antes do rompimento com o PT.

Viver e construir a política

Durante toda sua vida, Dário viveu intensamente a política de Belo Horizonte, lugar onde nasceu e cresceu. No início dos anos 2010, ele se somou a diversos atores e movimentos da cidade que questionavam as políticas de privatização do governo Lacerda, como o movimento Fora Lacerda, o Bloco do Manjericão e outros grupos político-culturais que surgiam a partir da Praia da Estação e do ressurgimento do carnaval na cidade. Dessa confluência política, surgiu em 2015 a articulação Muitas - A cidade que queremos, responsável por renovar o cenário político e apresentar novas caras para a disputa eleitoral municipal, diversificando os debates sobre moradia, saúde, mobilidade, educação e direitos humanos. Nessa época, Dário ampliou sua compreensão sobre as organizações políticas, as tomadas de decisão dos partidos, participação nas eleições e a burocracia estatal envolvida na justiça eleitoral. Participou com contribuições em sistemas de apoio a participação com propostas recolhidas em encontros presenciais e sua divulgação em sistemas qie permitissem a continuidade das discussões. Com votações expressivas, foi candidato por duas vezes a vereador (2016 e 2020) a deputado estadual (2018) e a deputado federal (2022). Desde 2017, tem trabalhado como assessor parlamentar nos níveis municipal, estadual e federal. Atualmente, é assessor na Câmara Municipal de Belo Horizonte, contribuindo com a GABINETONA e os mandatos das vereadoras Iza Lourença e Cida Falabella.

Maconha para salvar vidas

Usuário de maconha desde os tempos da universidade, Dário nem sempre teve uma relação de tranquilidade com a planta. Criado em uma família que tinha um olhar conservador (e até demonizador) sobre a erva, demorou até que ele acreditasse no potencial que a descriminalização das drogas tem de transformar a sociedade. Foi ao trabalhar em um projeto de jovens em conflito com a lei, que Dário entendeu que, muito mais que privar o uso de quem curte relaxar com um baseado, a política atual de drogas promove violência, desinformação, desigualdades sociais e impede ou dificulta o uso da maconha para fins medicinais. Buscando difundir o debate da maconha e criar as bases para uma política municipal, Dário tem atuado em espaços de visibilidade como construção de projetos de lei, audiências públicas, rodas de conversa dos mandatos municipais e no diálogo com movimentos sociais, como a Marcha da Maconha BH e o Bloco do Manjericão e o sistema de saúde da cidade. Nessa caminhada, Dário percebeu também as interfaces da legalização da maconha com a luta antirracista, anticarcerária e feminista, além de conhecer o protagonismo de mães, mulheres, familiares e amigos de usuários. Na Internet, seus perfis nas redes sociais já são referência na difusão de informações sobre a política de drogas e os benefícios da maconha, alcançando mais de 50 mil pessoas com entrevistas, artigos e vídeos nos quais Dário compartilha suas opiniões sobre o tema.

Saúde da cabeça aos pés

A ampliação do acesso ao uso da cannabis medicinal é crucial para uma política de saúde mais abrangente e humanizada, que seja capaz de oferecer alternativas seguras e eficazes para pacientes que dependem de acompanhamento terapêutico e tratamento com uso de fitoterápicos (com o uso de plantas). Por isso, em sua trajetória, Dário caminhou também ao lado de associações de pacientes de maconha medicinal, movimentos e profissionais da área da saúde, da luta antimanicomial e em defesa de uma política de redução de danos em oposição a uma visão proibicionista das drogas. O apoio a essas associações já existentes e a facilitação para a regularização de outras mais é uma importante bandeira que torna muito mais barato e menos burocrático o acesso à maconha medicinal. É necessário criar caminhos para obtenção de habeas corpus coletivos para a produção de maconha, acompanhar juridicamente as associações e fazer a ponte entre produtores e o sistema público de saúde do Brasil, começando pelo âmbito municipal. Para isso, Dário defende a implementação do programa Farmácia Viva em Belo Horizonte, que incorpora o uso de plantas medicinais no SUS por meio da capacitação dos profissionais de saúde e a produção de ervas terapêuticas, em diálogo com pequenos produtores, associações e comunidades quilombolas. Ele acredita que valorizar o SUS por meio da inclusão da cannabis medicinal fortalece o nosso sistema de saúde pública, promovendo uma abordagem integrativa e inclusiva que beneficia especialmente os mais vulneráveis que não possuem renda para buscar vias alternativas de conseguir o medicamento.

Juventude levada a sério

A preocupação com as políticas dedicadas à juventude faz parte, desde o início, da trajetória construída por Dário. Em 2008, ele desenvolveu, junto com outros colegas, o projeto SELEX (UFMG-TJMG), dedicado a realizar oficinas de arte-educação-tecnologia com jovens de 12 a 17 anos, cumprindo medidas socioeducativas. Essa experiência levou Dário a acreditar no protagonismo da juventude e na importância de defender suas manifestações políticas e culturais, como forma de combater o punitivismo e o encarceramento. A juventude como construtora de suas saídas para incidir politicamente e romper a desigualdade social. O fortalecimento da cultura do rap, grafite e hip hop e de espaços como o baixo centro e o Centro de Referência da Juventude também faz parte da sua atuação.

Ambiente preservado e mobilidade para curtir a cidade

Belo Horizonte é a cidade brasileira que mais sofreu com o aquecimento em 2023. Essa dura realidade é causada pelo descuido secular do poder público com o nosso meio ambiente. A ação predatória das mineradoras e a conivência de nossos governantes têm deixado consequências profundas no acesso à água pela população belorizontina e na qualidade do nosso ar. É urgente criar mecanismos de controle dessa devastação e políticas de proteção dos espaços verdes urbanos, como os já ameaçados Parque Jardim América e Parque Mata do Planalto. Além disso, valorizar alternativas de mobilidade urbana, como a construção de ciclovias e a adoção de tarifa zero para o transporte público, por meio de subsídio da prefeitura, é fundamental para garantir o direito à cidade e ao meio ambiente. Em diálogo com iniciativas que promovem a ideia de menos carros nas ruas, como o movimento Tarifa Zero e o Bloco da Bicicletinha, Dário acredita em uma política municipal de mobilidade que promova a inclusão social ao permitir que todas as pessoas, independentemente de sua renda, tenham acesso facilitado aos espaços urbanos e aos serviços essenciais, ao mesmo tempo em que se diminui a emissão de gases poluentes em nossas ruas.